quarta-feira, 2 de novembro de 2011

OS QUE PARTIRAM... OS QUE CHEGARAM...


Dois de novembro, Dia de Finados. Junto ao jazido dos familiares e amigos que nos deixaram, sentimos saudades de sua presença que já se foi. Sabemos, porém, pela fé em Jesus Ressuscitado – Aquele que é a Vida e a Ressurreição – que eles vivem para sempre e estão junto de nós mais do que nunca. Esses nossos irmãos e irmãs já percorreram o mesmo caminho percorrido por Jesus, que disse: 
“Saí do Pai e vim ao mundo, agora deixo o mundo e volto para o Pai” (João 16,28). Percorreram o caminho e, ao fim, encontraram o Pai que os acolheu em seus braços.

Iluminados pela fé em Jesus Ressuscitado, nós devemos considerar a morte não tanto como partida, quanto como chegada. Quem não nasceu não sabe nada. Quem já morreu sabe tudo. Quem está a caminho – e esses somos nós – tem que saber olhar para além da barreira da morte e do campo santo, e contemplar, na alegria, o horizonte que se ilumina anunciando a eternidade feliz. Assim, morrer não é propriamente partir, é chegar.


Nesse sentido, em clima de Dia de Finados, vale a pena parar um pouco e meditar na bela reflexão que, anos atrás, alguém me enviou e que, hoje, proponho a você. Aqui está:


“Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de rara beleza. O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor. Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.


Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: ‘Já se foi’. Terá sumido? Evaporado? Não certamente. Apenas o perdemos de vista.


O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua a ser tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato momento em que alguém diz: ‘Já se foi’, haverá outras vozes mais além, a afirmar: ‘Lá vem o veleiro’.



Assim é a morte. Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível, dizemos: ‘Já se foi’. Terá sumido? Evaporado? Não certamente. Apenas o perdemos de vista.


O ser que amamos continua o mesmo, suas conquistas persistem dentro do mistério divino. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais se necessita. É assim que, no mesmo instante em que dizemos: ‘Já sei foi’, no além, outro Alguém, dirá: ‘Já está chegando’. Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a vida.


Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário. A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. O que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada. Assim, um dia, todos nós partimos, como seres imortais que somos, ao encontro dAquele que nos criou”(Rabino Henry Sobel, por ocasião da morte de Mário Covas).

Nós, discípulos e discípulas do Senhor, sabemos que Aquele que nos criou é também nosso Pai. E é ao encontro de seu abraço eterno que, durante a vida, estamos caminhando.

Fonte: Blog de Dom Hilário Moser, SDB bispo emérito de Tubarão/SC

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