segunda-feira, 23 de junho de 2008

Concepção: começo ou ainda não?


Antes de seguirmos com nossa reflexão vamos demonstrar brevemente que a vida humana começa inegavelmente com a fecundação. Bem como, iremos notar que esta não é a problemática de fundo, embora todos os temas se entrelacem em algum momento. Tudo está conectado de alguma forma, por isso, a necessidade de refletir seriamente sobre questões tão delicadas. Partimos da Biologia, incluídas todas as suas áreas ou matérias específicas, de modo particular a genética, às vezes, pensa-se capaz de dizer quando uma vida humana, um ser humano é ou não pessoa. Algo que não compete à Biologia, mas a outra ciência: a Filosofia. Pois, não se trata de uma categoria biológica e sim filosófica. O conceito de pessoa está ligado à questão da “essência” e da “existência”. Bem, vamos ver o que nos diz a Biologia naquilo que lhe é próprio. A Filosofia parte, obrigatoriamente, do dado biológico. Isto é a vida humana, um novo ser humano, tem origem com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Assim, o conceito biológico de “individualidade”, ou seja, o embrião visto como “indivíduo humano”, parte do dado biológico: desde a fecundação há (existe) um novo indivíduo, único, com uma carga genética própria e irrepetível. O cientista M. Johnson afirma que “segundo a evidência fornecida pela biologia, o embrião multicelular, derivado do zigoto, é verdadeiramente um indivíduo e não uma agregação de elementos desconexos entre eles.” Por sua vez, o cientista Jérôme Lejeune, que dedicou sua vida ao estudo da genética fundamental, chegando a descobrir a síndrome de Down (mongolismo), afirma: Não quero repetir o óbvio, mas, na verdade, a vida começa na fecundação. Quando os 23 cromossomos masculinos se encontram com os 23 cromossomos da mulher, todos os dados genéticos que definem o novo ser humano já estão presentes. A fecundação é o marco do início da vida.” E. Edwards – “pai” de Luisa Brown, a primeira menina nascida “em proveta” em 1978 – confirma: “Aceitar que, com a fecundação, um novo ser humano veio a existência não é mais uma questão de gosto ou de opinião. A natureza humana do ser humano, desde a concepção até a velhice, não é uma hipótese metafísica, e sim uma evidência experimental. (Cf. G. CIPRIANI. O embrião humano: na fecundação, o marco da vida. São Paulo: Paulinas, 2007). Pudemos perceber a impossibilidade de se negar que a vida humana tem início com a fecundação. Mesmo que a fecundação ocorra fora do corpo da mulher inicia-se uma nova vida humana. Ocorre apenas que o zigoto é impedido de prosseguir seu desenvolvimento natural no útero materno. No entanto, ainda resta a questão sobre a pessoa humana. Como dissemos, é a Filosofia quem deve refletir sobre essa problemática, porém, a Filosofia pode receber auxílio de outras ciências, por exemplo, a Psicologia. Quando tratamos sobre a “pessoa”, não estamos tratando de algo “concreto”, no sentido, de ser um fenômeno que se possa ser observado empiricamente, não é um “objeto”, pode-se dizer que é um “subjeto”. Ou seja, é algo que transcende a materialidade (corporeidade), mas tem que ver com o self (“eu”), com o sujeito, a consciência e para além da consciência, como se diz nas religiões, da alma e do espírito humano, ou num dizer mais filosófico tem que ver com aquilo que é constitutivo ao ser humano e fundamenta o ser pessoa. Nos próximos artigos vamos conhecer as duas principais correntes filosóficas que debatem este tema sobre a pessoa e aos poucos ir formulando novas questões para ajudar na nossa reflexão.

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